ESCRITURAS SAGRADAS: os manuais escritos por Deus
Mas que
teimosia essa de ficarem procurando na Bíblia, Torah, Alcorão, Vedas,
psicografias new age, mensagens extraterrestres, mestres indianos e escrituras
em geral, justificativas e regras para nossas ações!!!!!!! Até quando vamos
ficar lendo e relendo esses livros procurando dicas de como guiar nossas vidas?
Página tal, parágrafo tal, versículo tal..... Se algum DEUS quisesse esclarecer
seus desígnios mandava bilhetinhos, e-mails, torpedos ou escrevia no céu em
letras garrafais. Até quando vamos ficar nos convencendo que essas regras vêm do
além ao invés de olharmos para nossa realidade e o que estamos fazendo dela, ou,
o que estamos fazendo conosco?
Frei Betto fez uma corajosa (para o seu
contexto) tentativa de apoiar a questão da homoafetividade com um artigo
publicado no jornal O Globo, em 23 de maio de 2011 (link para leitura integral:
http://polivocidade.blog.br/2011/05/25/4643/): descreveu
várias justificativas no texto bíblico para embasar sua defesa de que os gays
devem ser incluídos, pois Jesus ensinou não excluir, e que talvez se possam
encontrar atitudes homoafetivas na escritura sagrada, ou seja, a
homossexualidade é um fato.
Para pegar carona na fama do Frei, pois
político é craque nisso, o vereador João Gustavo da Câmara de Niterói entrou com
uma Moção de Repúdio contra o artigo citado, justificando seu argumento em
outras partes do mesmo texto bíblico:
“Como bem dito pelo Frei
em seu artigo, a Igreja Católica não discrimina o homossexual. De acordo com seu
Catecismo no parágrafo 2358, estes devem ser acolhidos com respeito, compaixão e
delicadeza. Evitando-se, assim, todo sinal de discriminação injusta, ainda
porque em Jo: 4, 7, nos ensina a amarmos uns aos outros, porque o amor vem de
Deus.
Insta dizer, e
continuando, nos parágrafos 2357 e 2359 do Catecismo, embora não haja
discriminação, apoiando-se na Sagrada escritura e na tradição, sempre declarou
que atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados. São contrários à
lei natural. Não origina, assim, o dom da vida. Em caso algum podem ser
aprovados.
Portanto, embora, todos
nós sejamos filhos amados de Deus, a prática da homossexualidade não deixa de
ser contrária aos ensinamentos da Sagrada Escritura, por isso, embora amados, os
homossexuais são chamados à castidade.
Em Romanos 1, 26 ao 28:
“Por isso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Sua mulheres mudaram o uso
natural em uso a natureza. Os homens também, abandonaram o uso natural da
mulher, arderam em desejos um pelo outro, homem como homem, cometendo torpezas e
recebendo em si mesmos a pagar por suas perversões.”
Santa paciência!!!
No texto do Frei, apesar da tentativa
de se opor ao conservadorismo homofóbico, que muito agradecemos, há ainda a
expressão do preconceito religioso quando cita: “Ninguém
escolhe ser homo ou heterossexual. A pessoa nasce assim. E, à luz do Evangelho,
a Igreja não tem o direito de encarar ninguém como homo ou hetero, e sim como
filho de Deus, chamado à comunhão com Ele e com o próximo, destinatário da graça
divina”.; a
homossexualidade não é opcional e portanto não pode ser considerada como
culposa? Por que se fosse opcional seria um desvio de caráter? E quem pode
determinar se é opcional ou inata?
É uma pena que tenha colocado a questão
nesses termos porque ressalta a permanência do preconceito. O que deve ser
respeitado é a diferença em si e não dependendo de como ela surge. Mas nesse
caso seria pedir para um Frei deixar de ser Frei já que seu credo permite
incluir os excluídos, porém ainda entendendo que são excluíveis. Existe um certo
e um errado porém os certos devem ser generosos e aceitar os errados. E é dessa
forma que pensa muita gente que vem até defendendo as causas homossexuais ao
invés de gastar suas energias lutando contra o próprio preconceito. Seria mais
útil.
Pior do que a emenda vem o soneto do
senhor vereador que concorda que o supremo ama a todos os seus filhos, mas acha
que alguns deles não estão se comportando bem, com atos “desordenados”, contra a
“lei natural”; por natural e ordenado entenda-se: procriação. Fora desse
contexto as pessoas podem ser amadas POR DEUS, mas por nós não serão, pois não
toleraremos seu comportamento. Não vamos matar ninguém (ufa!), mas exigiremos
que eliminem sua sexualidade.
E como vão conseguir tal feito se nem
dos padres, bispos e arcebispos conseguiram? Será que vão aplicar a técnica da
pedofilia para a busca da castidade? Então aí a contradição chega a ser
ridícula!
Assim estamos há 2 mil anos nas
discussões entre os cristãos e outros tantos anos em outras discussões entre os
outros grupos religiosos. Usar o argumento “são contrários à lei natural”, é no
mínimo o cúmulo da arrogância, pois se por lei natural entendermos a lei
determinada pelo criador do universo seria necessário ter comprovação
indiscutível de que o que está escrito na Bíblia, no caso, foi realmente um DEUS
quem mandou escrever.... fica difícil provar.
Mas é essa mesma justificativa sem
comprovação que os mulçumanos usam para aplicar penas bem mais severas que nas
religiões cristãs. Nos países de maioria mulçumana a homoafetividade é um crime
pago até com a vida em muitos casos, até hoje!!! Contudo a própria atitude de
segregação da mulher acaba incentivando as práticas homossexuais que são
absolutamente escondidas.
Porém não só nos países de religião
islâmica, na Ásia existem leis de punição ou reconhecimento da prática
homoafetiva das mais diversificadas: os países que não castigam com morte ou
prisão cobram multas em dinheiro por atos sexuais com o mesmo gênero! Chega a
ser cômico imaginar a cobrança, gerando mais constrangimento moral em quem cobra
do que em quem é cobrado; pagando pode? As religiões que não penalizam a conduta
simplesmente não a comentam.
A prática de ficar alegando o que Deus
disse ou deixou de dizer é antiqüíssima. Por um lado é reconhecível a ansiedade
que temos de entender o sentido de nossa existência e ficarmos procurando sinais
em busca dessa resposta reconfortante. Mas por outro lado transformar esses
textos ou até regras estabelecidas oralmente, em leis irrefutáveis, está fazendo
nossa humanidade marcar passo ao invés de amadurecer espiritualmente e nos
fazendo retroceder eticamente.
O que temos visto parecem muito mais
justificativas para condutas violentas e separatistas do que o contrário. E pior
ainda, o que temos visto é a utilização dessas escrituras para um único
objetivo: PODER. O ser humano mesmo não é valorizado em suas escolhas e religião
hoje deixou de ser uma questão espiritual para se tornar uma questão POLITICA.
(“hoje” foi bondade nossa). Todas as discussões em torno dos conceitos
religiosos tiveram sempre o mesmo objetivo: dominação,
manipulação.
Está mais do que na hora de eliminarmos
esse véu hipócrita que distingue a religião da política, já que nossas bancadas
das câmaras e do senado estão atuando baseadas em leis que não são da nossa
Constituição Federal.
A questão da homofobia é apenas um
exemplo claro de como as religiões se valem de suas escrituras para perpetuarem
seus poderes. Os relacionamentos homoafetivos SEMPRE existiram e sempre
existirão, sejam considerados doença ou distúrbio. São um fato tão irrefutável
quanto é a heteroafetividade. Não importa se é uma opção racional, voluntária,
ou se é programação genética que nos faz desta ou daquela
forma.
E não é porque a manutenção da raça
humana depende da procriação que está justificada a recusa da homoafetividade.
Um assunto não tem nada a ver com o outro; o argumento “se formos todos
homoafetivos a humanidade para de crescer” é falso e manipulador. Até que a
humanidade parar de crescer um pouco não seria nada mal, mas nunca seremos todos
homoafetivos e, portanto argumento desclassificado.
Também não serve mais como argumento a
tal “lei natural”, pois a afetividade é natural em qualquer formato. Por natural
entendemos aquilo que não foi criado artificialmente e até onde se sabe não
existiu nenhum laboratório de criação do vírus da homoafetividade para ser
injetado por seringas. É um laço espontâneo da natureza, não só na humana
inclusive.
Não existe nenhuma outra justificativa
para a homofobia do que o poder, assim como qualquer exclusão de minorias; e às
vezes nem são minorias numéricas como no caso da mulher, mas apenas grupos que
se diferenciam do modelo de supremacia.
Não importa que grupo esteja sendo
excluído, o perigo está no ATO da exclusão. O clássico exemplo oferecido
por Adolf Hitler ainda não surtiu o efeito completo.
Toda e qualquer manifestação que gere a
diferenciação deve ser evitada.
Não existem DIFERENÇAS entre nós. O que
existe é a pluralidade.
Nenhum manual pode ter mais importância
ou valor do que nossa humanidade. É ela que devemos preservar, respeitar e amar
acima de todas as “coisas”/livros.
por Dani Nefussi
Um comentário:
Valeu Will!!!
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