“Os mecânicos de automóveis de hoje não são treinados para consertar motores quebrados ou danificados, mas apenas para retirar e jogar fora as peças usadas ou defeituosas e substituí-las por outras novas e seladas, diretamente da prateleira. Eles não têm a menor idéia da estrutura interna das ‘peças sobressalentes’ (uma expressão que diz tudo), do modo misterioso como funcionam; não consideram esse entendimento e habilidade que o acompanha como sua responsabilidade ou como parte de seu campo de competência. Como na oficina mecânica, assim também na vida em geral: cada ‘peça’ é ‘sobressalente’ e substituível, e assim deve ser. Por que gastar tempo com consertos que consomem trabalho, se não é preciso mais que alguns momentos para jogar fora a peça danificada e colocar outra em seu lugar?" (BAUMAN, 2001)
É muito claro que esse discurso patriótico é tão cheio quanto um balão de ar já que, segundo sua interpretação, dada a necessidade dessas pessoas escolherem um posicionamento entre a liberdade (no sentido genuíno do termo) e a segurança, a sociedade líquida optou por unanimidade pela segurança. Unanimidade porque a uniformidade já a muito tempo não está mais nos produtos ou serviços, muito menos nos métodos de produção ou divulgação, essa padronização que Ford implantou nas peças, as colocando em linha de produção já se proliferou para o comportamento humano (?) dessa sociedade, como um chip implantado em cada um desses que completam, mas não formam essa sociedade fluida, em seus trejeitos vivenciais, onde todos miram num objetivo comum sem nenhum ineditismo, como em um espetáculo que infinitamente (o infinito do agora) se mantém em cartaz.
“Comunidades de carnaval’ parece ser outro nome adequado para as comunidades em discussão. Tais comunidades, afinal, dão um alívio temporário às agonias de solitárias lutas cotidianas, à cansativa condição de indivíduos de jure persuadidos ou forçados a puxar a si mesmos pelos próprios cabelos. Comunidades explosivas são eventos que quebram a monotonia da solidão, cotidiana, e como todos os eventos de carnaval liberam a pressão e permitem que os foliões suportem melhor a rotina que devem retornar no momento em que a brincadeira terminar. E, como a filosofia, nas melancólicas meditações de Wittgenstein, ‘deixam tudo como estava’ (sem contar os feridos e as cicatrizes morais dos que escaparam ao destino de ‘baixas marginais’)” (BAUMAN, 2001)
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
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