terça-feira, 3 de novembro de 2009

Mas e os nossos vizinhos?

PREJUÍZO:
O fantasma das enchentes que sempre ronda os artistas do Grupo Clariô se fez presente apenas dois dias depois da passagem da reportagem do Estado pelo espaço da trupe, em Taboão da Serra. Em conversa com os artistas, no sábado à noite, muitas foram as histórias de enchente narradas pelas atrizes e pelo técnico de palco Alexandre Souza, o João, que construiu passo a passo a cenografia do espetáculo Hospital
da Gente. Tudo parecia remoto, distante. Mas ontem pela manhã, texto dessa página já escrito, um telefonema da atriz Naloana Lima dá conta de que na noite de segunda, a água atingiu 1,5 metro nas paredes do espaço. “Perdemos toda a cenografia móvel, feita para viajar, e muito, muito do nosso cenário”, conta Naloana. Enquanto muitos evitavam seguir para Taboão da Serra durante a chuva forte que caiu na tarde de
segunda, os atores, ao contrário, deixavam seus trabalhos – a maioria deles não sobrevivem de teatro – e corriam para lá na expectativa de mais problemas. Não deu outra. “A gente fica indignado porque a peça ficou um ano e meio emcartaz, a gente sempre falando de enchente, e não consegue mobilizar o poder público. Para nós, atores, a perda é grave, mas a gente limpa tudo, ajeita, emesmo faltando coisas vamos fazer a peça nos próximos sábados, na garra, como sempre. Mas e os nossos vizinhos? É a vida deles. Na casa em frente, que fica mais baixa, caiu uma parede. Nós perdemos a geladeira, muitos objetos, mas podemos nos virar. Mas eles, a cada chuva perdem coisas essenciais, é preciso recomeçar, isso quando
não se perde vidas”, protesta a atriz, sob forte emoção. ● B.N. 2. 3. www.estadao.com.br/e/d4

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