UBI CADAVER IBI AQUILAE

A natureza humana está morta. Os sentimentos, hoje, são externos ao humano, estão para as coisas, para os objetos, então para poder amar o outro só transformando-o em “coisa”, em “objeto”. E, em assim se dando, coisas e objetos eu “possuo”, “compro”, “negocio”. Somos, no século XXI, produtos no mercado e os sentimentos estão à venda. Quem dá mais? Quanto me dão pela minha raiva, meu ódio? É o que mais tenho, portanto vendo barato. Vendo por uma “manifestaçãozinha” qualquer contra isso, ou aquilo... Amor eu tenho pouco, então tá caro! Cobro mais! Se depois da consciência disso sobrar um sorriso irônico, uma risada ou lágrimas, que sejam, lembre-se que fazemos parte disso. Construímos ou ajudamos a contruir isso! Fazendo ou não fazendo alguma coisa.
Marcelo Gleiser, professor de física: “Do pouco que conhecemos a respeito dos nossos ancestrais, identificamos neles bastante do que somos hoje. A diferença é que eles viviam em comunhão com o mundo – e não em guerra com ele.” O crescimento e desenvolvimento do sistema capitalista, que promulga a individualização do ser humano, que o destaca, separa, isola-o, causa, aos vitoriosos, uma sensação de poder que, durando por muito tempo, transforma-se em sentimento. A partir disso, esse “conquistador” não tem mais dúvidas de que é “especial”, de que é “único”, pois “sente” isso.
O que não sente e nem percebe é que no “pódium”, só cabe “um”! O que não “sente” é que seu sentimento de “pertencimento” foi-se. Os que não conquistam esse lugar tem os olhos voltados para lá, para o “pódium”, almejam essa conquista; ainda tem, mas sem percepção clara, uma sensação de “pertencer”, mas quer dela se livrar, quer se destacar, quer a solidão do “pódium”! Como ainda não a tem, não podem disfarçar seu cheiro como os “vitoriosos”, então “fedem”! “UBI CADAVER IBI AQUILAE”